Augusta Marques

The Bright Side of My Ray

O lado mais brilhante do meu raio sempre me direcionou para o Desenho.

O desenho como uma via para a comunicação, criação, intuição, descoberta e projeção de momentos, ideias, sonhos e sentires entre pessoas, estados de alma, seres naturais, animais e imaginados. É uma atração longínqua e intensa, que vai para além de uma vontade consciente, que ocupa uma dimensão maior em mim e por isso me faz criar Drawings of Inner Tales.

Concebo-o para que seja um lugar de criação visual, sensorial e emocional, de mim para e com ti (go).
A manifestação do que guardamos no nosso íntimo, dos nossos Contos Internos, é, por si, um movimento de mudança, auscultação, exteriorização e libertação. Expressar, tornar visível permite re significar o estado do que visitamos dentro de nós, seja denso e sombrio ou leve e luminoso.

Ao longo da vida são múltiplas e diversas as histórias que contamos a nós mesmos para (sobre) viver.

Cumprir o desenho associado à narrativa da alma é a missão deste projeto. Ser parteira criativa de parte do caminho individual de retorno ao teu Ser é o que me proponho aqui.

No meu percurso tenho seguido traços e linhas ora fluidos, ora hesitantes, ora enérgicos ou ora suaves, através do desenho artístico que realizo, bem como através do ensino que me tenho dedicado nos últimos anos. Tenho ainda conversado com um lado do desenho mais rígido, domesticado e regulado através da arquitetura.

Nesta diversidade, ao longo dos tempos a relação entre mim e o desenho adensou-se, pelo que hoje sinto-o também como um meio de diálogo e conexão com outras pessoas, como expressão de uma linguagem invisível que apenas a sensibilidade do olhar e o amor podem captar.

O desenho tem a particularidade única de se concretizar pela verdade de quem o põe ao seu serviço e de traduzir o poder individual de quem desenha. É um ato da mão, que facilmente nos faz aceder à intuição.

Discover Me

O meu raio diz ainda que nasci há 45 anos, na Maia, concelho vizinho do Porto, filha maior de um casal, cresci junto à natureza, acompanhada sempre por amigos de quatro patas. A adolescência trouxe-me a cidade, a ideia de mundo, a exploração e a curiosidade por fazeres artísticos. Ingressei nos estudos de arquitetura e no confronto do que é dar autoria e do (des)conforto do lugar e do papel que ocupamos no mundo.

Adulta avancei na intensidade da atividade profissional entre o fazer projeto, o acompanhar de obra e o ensino. Época de condicionalismo, de capacidade de adaptação, de invenção, de encontros diversificados, de resistência, de conquista e produção.

A curiosidade, a observação, a leitura, o desenho, a viagem, a música, a dança, os amigos, a família, os bichos, a brisa, as estrelas, as montanhas, o mar, os sorrisos e o(s) amor(es) foram e continuam a ser a força que alimenta o meu reduto para relembrar que a vida é rara.

A introspeção iniciada em 2017 e a viagem em missão de voluntariado realizada no verão de 2018 a Marrandallah, Costa do Marfim, foram as duas maiores alavancas para um renascer.

Despedi-me de fazeres, lugares e pessoas, por um caminho com mais amor por mim, mais próxima de ser mestre de mim mesma, com a certeza que em qualquer momento todos temos a possibilidade de nos transcender.